quinta-feira, 18 de março de 2010

Discos de Ouro

Mais um post sobre discos, paixão de seu escritor!

Do seu nascimento, nos anos 40, até o discutível decreto de sua morte, nos anos 90, o vinil mudou a forma de produzir e ouvir música. E até hoje vibra a 33 rotações por minuto nas vitrolas de colecionadores saudosos que investem pequenas fortunas em volumosas e raras coleções responsáveis por preservar bandas que não existem mais e música que marcaram o curso da vida de qualquer pessoa nascida até a década de 80.

Lado A

Ele anda em círculos, suas apresentações são divididas em duas partes de cerca de 20 minutos e o seu repertório é eclético. A nova geração reclama da qualidade do seu som, acusa-o de produzir chiados entre uma música e outra. Foi dado como morto nos anos 90, mas os seus fãs juram que ainda vive. Atende pelos nomes bolacha, vinil, disco, Long Play ou simplesmente LP.

Filho do norte-americano Peter Goldmark, o LP nasce nos Estados Unidos em 1948 e teve a Columbia Records como madrinha. Veio ao mundo com 31 cm de diâmetro, respirando a 33 rotações por minuto. Logo cedo mostrou seu talento para a música e em pouco tempo substituiu no mundo artístico seu irmão mais rotações por minuto. Enquanto o disco de 78 rotações possuía apenas quatro minutos de duração – para se ouvir o Concerto para Piano nº2, de Brahms, por exemplo, eram necessárias 11 trocas de disco. O LP agüentava cinco vezes mais tempo de reprodução, era mais leve e ainda por cima mais resistente.

A partir do LP, a música nunca mais foi a mesma. Em vez de produzir uma única boa faixa que encheria o disco inteiro, os compositores passaram a pensam em álbuns completos, com várias canções. O LP também inovou na apresentação. O disco de 78 rotações raramente vinha acompanhado de uma capa personalizada. A embalagem no máximo trazia impressa a publicidade da loja ou gravadora com a lista dos últimos lançamentos e um recorde circular que permitia ver o selo do disco.

Do Rock à música erudita, o LP passeou com maestria por todos os estilos musicais ao longo da sua carreira. Mas aos 40 anos, depois de reinar absoluto no mercado fonográfico, encontrou um adversário à altura. Menor, mais leve, com maior capacidade e clareza sonora, o compact disc, o popular CD, chegou a decretar a morte do vinil no início dos anos 90. Seu fim, no entanto, nunca foi definitivo. Em pleno século 21, o LP ainda é idolatrado pela geração que aprendeu a ouvir música através da agulha que desliza pelas saliências espiraladas da bolacha preta, produzindo hiatos ruidosos entre uma faixa e outra. A mesma geração que coleciona capas que preservam, mais do que registros sonoros, a nostalgia de bandas que não existem mais e músicas que marcaram para sempre o curso das suas vidas.

Lado B

O culto ao vinil alimenta um mercado sustentado por colecionadores, a maioria acima de 30 anos, estabilizados profissionalmente e em condições para investir em discos, muitas vezes raros, comercializados a preços nada módicos. No Brasil eles são encontrados em casas especializadas e em feiras, enquanto no exterior ainda ocupam espaço privilegiado nas lojas de artigos musicais. “Esses dias estava lendo uma entrevista com um produtor musical inglês sobre a situação do mercado fonográfico e ele dizia que o CD pode até acabar, as vendas estão caindo porque as pessoas estão baixando música pela internet, mais uma coisa que você não pode falsificar é o disco de vinil, você não vai ter uma prensa na sua casa, por isso o vinil vai existir pra sempre”, conta um colecionador ilustre, KID VINIL.

Entre os LPs internacionais, alguns dos mais cobiçados são os das capas italianas dos Beatles, que eram lançados com imagens diferentes das versões inglesas e norte-americanas, Isso par não falar do Yesterday... And Today. Esse disco foi lançado originalmente com a foto de quatro garotos de Liverpool alegres e sorridente cercados de pedaços de carne e bonecas decepadas. A idéia não pegou nada bem e a gravadora resolveu substituí-la cinco dias após o lançamento. Conhecido com Butcher Cover (Capa do Açougueiro), o trabalho chega a ser vendido por US$ 10 mil.

A única fábrica de disco de vinil do país, a Poly Som, localizada no município de Belford Roxo, no Rio de Janeiro. É a este pilar da resistência nacional que se agarram artistas como Caetano Veloso, Los Hermanos, Nando Reis Ed Motta e outros que faze questão de reascender a chama das bolachas nacionais lançando sues trabalhos também em LP. “Como os custo para a produção década vinil é alto, as tiragens que saem da Poly Som costumam a ser limitadas”, explica Marco Antonio. Segundo El, custa em média R$ 3,50 para prensar um CD enquanto o valor para cada vinil fica entre RS 15 e RS 20. O alto custo da produção e a alimentação da tiragem também elevam o preço do produto.

O alto custo, no entanto, tem seus valores agregados. Nada substitui, por exemplo, a qualidade da arte gráfica de um vinil. Com a questão da superioridade da sonoridade do disco sobre o CD – apesar de o som digital ser mais limpo, há quem diga que os graves do LP são mais potentes, mas para perceber essa diferença é preciso um bom ouvido e um excelente equipamento – os colecionadores são unânimes em dizer que a grande vantagem do disco sobre as outras mídias é a sua capa. “O CD perdeu toda a magia da capa”, afirma Marco Antonio, que destaca a apresentação dos álbuns Transa, do Caetano Veloso, e Aqualung, do Jethro Tull.

Os 5 melhores álbuns – por Kid Vinil

• Álbum Branco – The Beatles
• Between the Buttons – Rolling Stones
• The Velvet Underground & Nico – TheVelvet Underground
• The Queen is Dead – The Smiths
• Definitely Maybe – OASIS

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